quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Tristeza

Não há dor maior do que receber em casa uma correspondência endereçada a quem conosco não mora mais: ou porque morreu ou porque o casamento acabou. E então percebemos que lá fora tudo continua igual - as promoções das lojas, as dívidas no banco e os cartões postais do dentista.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Vivo ou Morto?

E não é que a Vivo insiste em me roubar?
Dizem que de todas as operadoras de celular esta é a pior: a tarifa mais alta por minuto: R$1.60! E não adianta vir com promoções e descontos de “Vivo pra Vivo” porque poucos possuem linha desta empresa.

Vivo, Vivo. Pois este braço de telefonia móvel da famigerada TELEFÔNICA, a quem dediquei meu texto intitulado “Caros Espanhóis”, merecia mesmo é ser amputado em praça pública, pagando por todos os males já cometidos contra os brasileiros.

E não é que a Vivo me cobrou por chamadas não efetuadas?
Agora deu para duplicar os torpedos que envio, arrecadando assim, o dobro. Se no início eventuais problemas na Central convenciam, agora a exceção virou regra e 100% dos meus torpedos são bitorpedos, com bicobranças e incontáveis desgostos.

Irregularidades crônicas de um serviço público privatizado!

Sem contar as inconveniências do Departamento de Marketing metralhando ofertas e serviços. Os ataques chegam via texto, ligação e surpreendentemente a última bomba chegou via caixa postal. Imagina: paguei para ouvir uma mensagem de voz publicitária!

É o fim dos tempos mesmo!

E no identificador do meu protocolo de reclamação na empresa o número da besta outorga minha angústia: 666. E aguardo a resposta da Central de Relacionamentos.

É o fim dos tempos, só pode ser isso.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Procura-se

Aparecido Augusto, mais conhecido como Cidinho, foragido da polícia desde quinta-feira passada.

Ex-enfermeiro-assistente-de-parto da Maternidade Santa Luzia, em Vila das Cruzes, no Estado da Hóstia Crocante, Cidinho havia auxiliado a vinda à luz de 300 crianças ao longo de alguns meses quando substituiu sorrateiramente tal ofício pela atividade ilegal do aborto, passando a atuar em clínicas clandestinas espalhadas pela cidade. Acredita-se que o criminoso tenha interrompido a trajetória de não menos do que 300 bebês.

JUSTIFICATIVA DO FUGITIVO

Antes de sua fuga Cidinho deixou um bilhete em cima da mesa da cozinha de sua casa, invadida na última sexta-feira por policiais altamente capacitados em defender os códigos sociais sagrados de Família, Monogamia e Heterossexualidade:

“Eis que consegui minha Redenção. Durante meses um mal-estar anônimo me perturbou ininterruptamente até que um dia consegui batizá-lo: hipocrisia. A folia feita diante do nascimento de uma criança é sempre histérica, egoísta, quando não narcísica. São flores, lembrancinhas, brindes, fotografias, uma parafernália completa instalada no quarto da recém-mãe, com parentes excitados buscando na criança os traços de semelhanças consigo próprios e com suas respectivas linhagens familiares. A celebração não é ao recém-nascido, mas às expectativas daquilo que ele proporcionará aos pais e à família: sentido ao casamento, sentimento de posse, orgulho pelas semelhanças fenotípicas da criança com os familiares, possibilidade de um herdeiro, a certeza da eterna ligação com o filho, ou seja, da não-solidão dos pais, quando não fruto da chantagem de uma mulher, ou de um homem, apaixonada (o). Esquecem-se das desgraças que se abaterão sobre essas crianças que diariamente chegam ao mundo, tais quais as que se abatem indistintamente sobre todos os seres humanos. Foi quando percebi essa hipocrisia que diariamente era chancelada por mim, e mais ainda, ao identificar que havia um aspecto criminoso em toda cirurgia de parto ao proporcionar que indivíduos venham ao mundo para satisfazer desejos individuais, desconsiderando a danação pela qual passarão, que decidi me redimir. Após ter cometido crime contra 300 almas inocentes, resolvi poupar do Espetáculo, em igual número, os indivíduos hospedados provisoriamente na barriga de 300 mulheres. Agora estou em paz, e posso mudar de profissão”.

A polícia informou que já acionou outras bases militares espalhadas pelo país para intensificar a busca ao criminoso. Aguardemos por mais notícias.

Jornal da Família Sagrada, domingo, 9 de dezembro de 2007.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Caros Espanhóis

Aos Mercantilistas Ibéricos,

Estão lembrados das atrocidades que vocês cometeram contra os povos indígenas assim que chegaram à nossa América Latina? Pois bem, os grandiosos impérios Incas e Astecas caíram por terra quando vocês lhes apontaram as espadas e armas, degolando-lhes as cabeças e explodindo seus templos à procura dos nossos metais preciosos. Lembram-se? Assim também foi com seus colegas portugueses quando chegaram ao Brasil. Vocês se enriqueceram destruindo nossa civilização e nossas propriedades naturais.

Estão lembrados que após esse inaugural massacre, vocês continuaram a dizimar os povos desse Novo Continente, deslegitimando sua cultura e aprisionando-os em regimes de trabalho autoritários e desumanos? Somando a isso o comércio de negros africanos - milhares trazidos por vocês para serem escravizados nas Ilhas das Antilhas. Lembram-se? No Brasil, os portugueses mantiveram a escravidão até fins do séc. XIX – foram mais de três milhões e meio de africanos escravizados no Brasil. Vocês se enriqueceram às custas de muita brutalidade e exploração da nossa mão-de-obra. Lucraram horrores por meio de horrores.

Pois bem. Em 1507 o nome AMÉRICA foi escrito pela primeira vez no planisfério desenhado por Martin Waldseemüller, cartógrafo alemão. Acredita-se que Waldseemüller tenha batizado o continente em razão das cartas escritas por Américo Vespúcio, mercador italiano presente na expedição de Colombo ao Novo Mundo. Neste mapa de Waldseemüller a região nordeste do Brasil é denominada “as terras de Américo ou América”, em latim Americi Terra vel America. O nome LATINA herdamos da etimologia do idioma colonizador: o português e o espanhol. AMÉRICA LATINA, um continente invadido, nomeado, dominado.

E cinco séculos se passaram até que vocês retornassem à nossa América com o claro intuito de nos explorar, nos desrespeitar, lucrar às custas de nossos patrimônios públicos e da nossa mão-de-obra terceiro mundista. BRASIL, um país de todos. SÉCULO XX, o neoliberalismo na pós-modernidade. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, o Boca de Pudim da intelectualidade e política nacionais. TELEFÔNICA, o mal de todos os males, a empresa que ocupa o ranking das companhias com maior número de reclamações no Procon, na Anatel e no Idec. Brasil + neoliberalismo + FHC (ou PSDB) + Telefônica = o coquetel molotov arremessado contra a dignidade do povo brasileiro.

Caros mercantilistas espanhóis que fizeram a festa no Governo FHC e compraram a Telesp a preço de banana, a edição de janeiro/2007 da revista “Caros Amigos” tem uma matéria exclusiva sobre os abusos e descasos da empresa de vocês a qual nem falarei o nome agora para não atacar a alergia. Aquela lá sabe, daquela figura ridícula do Super 15? Aquela que deixa dezenas de orelhões quebrados nas ruas, que cobra tarifas exorbitantes, que rouba descaradamente seus clientes adicionando às suas contas telefônicas ligações interurbanas e internacionais não realizadas, ou pior, que frequentemente cobra por serviços não contratados (como o “Kit To Aqui” – atendimento simultâneo e transferência de chamadas). A empresa de vocês treina os funcionários para embromar o cliente ao telefone com informações inverossímeis, além de deixá-lo esperando na linha, quando não desligam de propósito, fingindo que a ligação caiu. E quanto seus funcionários recebem de salário no final do mês? A informação divulgada pela “Caros Amigos” é de pouco mais de 1 salário mínimo. Ou seja, quem consegue alçar vôos na TELEFÔNICA – aaatchiiimmm!!! - só mesmo o Super 15 com aquela capa voadora. A arrecadação mensal da empresa em 2005, apenas com a taxa de assinatura (taxa esta considerada ilegal pelos órgãos de defesa do consumidor) foi de 450 milhões de reais.

Sabendo que a privatização da telefonia fixa no Brasil foi mais uma daquelas famigeradas obras de Fernando Henrique Boca de Pudim, Aloísio Biondi no livro “O Brasil Privatizado”, editado pela Editora Fundação Perseu Abramo, faz um severo raio-x desse cruel processo de desmantelamento do patrimônio público. Pois bem caros espanhóis, sabe-se que vocês pagaram pela Telesp 4,9 bilhões de dólares em 1998 e anualmente seus lucros ultrapassam, e muito, o investimento gasto: só em 2004 vocês lucraram no Brasil 10 bilhões de dólares. Além disso, às vésperas dessa famosa “venda”, pensando nos lucros de vocês, o Governo FHC reajustou em 500% as tarifas telefônicas, demitiu centenas de funcionários da empresa para diminuir os gastos da folha de pagamento assumindo o pagamento dos direitos trabalhistas dos demitidos, além dos aposentados, investiu 21 bilhões de reais em infra-estrutura no setor – ampliação de redes, cabos, etc - e, inacreditavelmente a Telesp tinha não menos do que 1 bilhão em caixa ao ser entregue a vocês, ou seja, sem realizar esforço algum, vocês já começaram o investimento com o pé direito. Poderia se dizer que o Boca de Pudim é antes de tudo um homem cordial?

Mas deixemos esse verdadeiro negócio da China de lado e o Pudim, no forno. Independentemente de todas estas desmoralizações pretéritas do ano de 1998, aliás, em breve a TELEFÔNICA BRASIL IL IL - aaatchiiimmm!!! – completa dez anos, gostaria de protestar contra as posturas atuais da empresa, os abusos e maus tratos contra os brasileiros, a incompetência dos serviços prestados e os estelionatos diariamente cometidos. Gostaria de saber se nos 37 países dos quatro continentes em que a TELEFÔNICA – aaaattch.... ufa, passou - possui filiais (Europa, Oceania, África e América) as suas políticas, ofertas e ações são iguais, padronizadas, ou se nós, latino-americanos por vocês colonizados, possibilitamos esse tratamento especial (Ainda mais com o apoio da TUCANALHA BRASILEIRA - expressão usada pelo meu pai - chancelando tais comportamentos, estabelecendo e assinando verdadeiros tratados de dominação).

Caros mercantilistas espanhóis, o fato é que cinco séculos se passaram e vocês continuam a nos sugar. A América Latina ainda agoniza e a empresa de vocês é o exemplo de que as suas riquezas permanecem sendo constituídas de nossas misérias. Acabo por aqui com os dedos formigando de vontade de citar o papel da revista VEJA, sua fiel comparsa e amiga íntima do Boca de Pudim, nessa história toda, mas isso fica pra próxima. Hasta, vou “passar um fax” pelo Super 15! (ou pela banda larga do Speed, já que é larga mesmo)!