terça-feira, 8 de março de 2011

sem assinatura, na metade do caminho

Na oponente metrópole o carnaval cinza ainda desfiava sob névoa e arranha-céus quando ela decidiu indagar o mundo.

Casada, aposentada, mãe de cinco filhos: todos doutores. Mulher estabelecida no compartimento das médias totais: meio velha, meio fraca,meio vulnerável, classe média.

Pela primeira vez, em sessenta e oito anos, o seu aniversário se sobrepôs ao carnaval, à data da mais prestigiada festividade pagã nacional. Não teve trégua: o coração debandou. Sem fantasia para desfilar, deixou um bilhete embaixo da porta da minha casa:<< sempre quis saber o que é que as pessoas fazem no sábado à noite>>...

Mulher meio habitada, meio peregrina, que nunca soube deduzir a própria solidão.