Na oponente metrópole o carnaval cinza ainda desfiava sob névoa e arranha-céus quando ela decidiu indagar o mundo.
Casada, aposentada, mãe de cinco filhos: todos doutores. Mulher estabelecida no compartimento das médias totais: meio velha, meio fraca,meio vulnerável, classe média.
Pela primeira vez, em sessenta e oito anos, o seu aniversário se sobrepôs ao carnaval, à data da mais prestigiada festividade pagã nacional. Não teve trégua: o coração debandou. Sem fantasia para desfilar, deixou um bilhete embaixo da porta da minha casa:<< sempre quis saber o que é que as pessoas fazem no sábado à noite>>...
Mulher meio habitada, meio peregrina, que nunca soube deduzir a própria solidão.
Um comentário:
Interpretar solidões é uma tarefa impossível para alguns... muitos... a maioria. Ainda bem! Ainda bem?
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