domingo, 25 de outubro de 2009

Una pura casualità


Nell'appartamento vivono insieme i fratelli Raul ed Elena e un loro amico chiamato Pasquale.
Ana, invece, abita da sola in una casa di colore blu.
Una sera Ana preme i tasti del telefono, e aspetta.
- Pronto?
- Raul?
- Sì...
- Ciao Raul. Come stai?
- Chi parla?
- Sono Ana. Tutto bene?
- Chi?
- Ana, l’amica di Elena, di Pasquale...
- Scusi signora, ma con chi vuole parlare?
- Come con chi Raul? Con Elena o Pasquale
- Ha sbagliato numero
- Come? 0665388884?
- No signora.
- Ma tu non sei Raul?
- Sí...
(SILENZIO)
- Boh. Va bene. Scusami.
E riattaca il telefono. Allora controlla la rubrica. Infatti, aveva messo un otto in più.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Amor de Passarinho



A velhinha tricotava no banco do parque com o seu radinho de pilha ligado quando avistou um passarinho distraído:

- Ô passarinho...psi psi... vem aqui vem...

Ela jogou um pedacinho de pão pro passarinho que se avizinhou. Fizeram amizade.

Até que o radinho da velhinha anunciou a chegada de uma frente fria no final de semana, e o passarinho, preocupado, roubou o novelo de lã da senhora e voou às pressas para o ninho.

Ficaram de mal...

(Imagem: Mujer, Pájaro y Estrella. Joan Miró, 1942)

PS - texto originalmente publicado neste blog no dia 28 de abril de 2008

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Gula ou a Resistência alla Romanesca

Sabe-se que os italianos em geral gostam de comer bem e em grande quantidade. O romano é um caso especial - estende seu apetite até sobre o vocabulário, devorando as sílabas e palavras da própria gramática. Dessa forma, uma oração como “Che cosa sta facendo?”, se transforma subitamente em “Ch’ sta a fà?”, “Cosa sta dicendo” em “Ch’sta a dì” e “Andiamo a mangiare” em “annamo a magnà”. O dialeto romanesco é assim, faminto, devora tudo, vogais, verbos, objetos diretos e indiretos, substantivos, todas as palavras que Mussolini, durante seu regime fascista nos anos 30, impôs aos italianos como idioma oficial, autoritário, para unificar a nação e aniquilar as línguas regionais tradicionais.
Ora. Sono bravi questi romani! Mangiate ragazzi, subito, tutte le parole, finchè non ci sia più nessuna! Libertà alle tradizioni! Fuori la destra autoritaria ed americanizzata! Fuori Berlusconi-Mussolini. Buon appetito a tutti quanti! – é como se de repente eu escutasse o eco da voz inesistente de Pasolini, assim, enérgica e apaixonada. Ele que em pleno fascismo publicou "Poesie a Casarsa", um livro de poesias em dialeto friuliano
(língua falada na região camponesa de Friuli), numa clara atitude em defesa da livre expressão e de resistência ao projeto mussoliniano de homogeneização da massa. Ele, um apaixonado pela tradição romana, que a contou em seus filmes através dos rostos marcados do povo, do canto popular (os famosos stornelli romani de Mamma Roma),do dialeto cru das periferias romanas. È como se eu ouvisse o seu grito isolado atravessando o séc. vinte e um....

domingo, 26 de julho de 2009

Tristeza - Poética - Picasso


Não sei o que fazer com a melancolia de domingo
Com a pontualidade da melancolia de domingo
O insistente déjà vu
De me sentir o Arlequim de Picasso
Sentado com uma fantasia colorida
Olhando com uns olhos sorumbáticos
O tempo, o silêncio, a respiração
De uma tarde dominical regular
Começo a pensar como seria
Uma revolução popular melancólica
Trabalhadores e artistas com olhares-arlequins
Defendendo os ideais de fraternidade e liberdade
Acho que nesta revolução não existiria a violência
E o sangue se transformaria nas tintas coloridas
Da geração de Montparnasse
Foujita, Kisling, Picasso, Soutine, Chagall, Matisse, Modigliani
A graça poética e o maneirismo velado pela nostalgia
Que marcaram os ares parisienses dos anos vinte
Preciso urgentemente de uma linguagem
Que me ajude a traduzir a minha melancolia
E as periódicas tardes de domingo de sol

(Imagem: Paul como um arlequim. Pablo Picasso, 1924.)

PS - texto originalmente publicado neste blog no dia 11 de maio de 2008

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Caros Espanhóis

Aos Mercantilistas Ibéricos,

Estão lembrados das atrocidades que vocês cometeram contra os povos indígenas assim que chegaram à nossa América Latina? Pois bem, os grandiosos impérios Incas e Astecas caíram por terra quando vocês lhes apontaram as espadas e armas, degolando-lhes as cabeças e explodindo seus templos à procura dos nossos metais preciosos. Lembram-se? Assim também foi com seus colegas portugueses quando chegaram ao Brasil. Vocês se enriqueceram destruindo nossa civilização e nossas propriedades naturais.

Estão lembrados que após esse inaugural massacre, vocês continuaram a dizimar os povos desse Novo Continente, deslegitimando sua cultura e aprisionando-os em regimes de trabalho autoritários e desumanos? Somando a isso o comércio de negros africanos - milhares trazidos por vocês para serem escravizados nas Ilhas das Antilhas. Lembram-se? No Brasil, os portugueses mantiveram a escravidão até fins do séc. XIX – foram mais de três milhões e meio de africanos escravizados no Brasil. Vocês se enriqueceram às custas de muita brutalidade e exploração da nossa mão-de-obra. Lucraram horrores por meio de horrores.

Pois bem. Em 1507 o nome AMÉRICA foi escrito pela primeira vez no planisfério desenhado por Martin Waldseemüller, cartógrafo alemão. Acredita-se que Waldseemüller tenha batizado o continente em razão das cartas escritas por Américo Vespúcio, mercador italiano presente na expedição de Colombo ao Novo Mundo. Neste mapa de Waldseemüller a região nordeste do Brasil é denominada “as terras de Américo ou América”, em latim Americi Terra vel America. O nome LATINA herdamos da etimologia do idioma colonizador: o português e o espanhol. AMÉRICA LATINA, um continente invadido, nomeado, dominado.

E cinco séculos se passaram até que vocês retornassem à nossa América com o claro intuito de nos explorar, nos desrespeitar, lucrar às custas de nossos patrimônios públicos e da nossa mão-de-obra. BRASIL, um país de todos. SÉCULO XX, o neoliberalismo na pós-modernidade. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, o Boca de Pudim da intelectualidade e política nacionais. TELEFÔNICA, o mal de todos os males, a empresa que ocupa o ranking das companhias com maior número de reclamações no Procon, na Anatel e no Idec. Brasil + neoliberalismo + FHC (ou PSDB) + Telefônica = o coquetel molotov arremessado contra a dignidade do povo brasileiro.

Caros mercantilistas espanhóis que fizeram a festa no Governo FHC e compraram a Telesp a preço de banana, a edição de janeiro/2007 da revista “Caros Amigos” tem uma matéria exclusiva sobre os abusos e descasos da empresa de vocês a qual nem falarei o nome agora para não atacar a alergia. Aquela lá sabe, daquela figura ridícula do Super 15? Aquela que deixa dezenas de orelhões quebrados nas ruas, que cobra tarifas exorbitantes, que rouba descaradamente seus clientes adicionando às suas contas telefônicas ligações interurbanas e internacionais não realizadas, ou pior, que frequentemente cobra por serviços não contratados (como o “Kit To Aqui” – atendimento simultâneo e transferência de chamadas). A empresa de vocês treina os funcionários para embromar o cliente ao telefone com informações inverossímeis, além de deixá-lo esperando na linha, quando não desligam de propósito, fingindo que a ligação caiu. E quanto seus funcionários recebem de salário no final do mês? A informação divulgada pela “Caros Amigos” é de pouco mais de 1 salário mínimo. Ou seja, quem consegue alçar vôos na TELEFÔNICA – aaatchiiimmm!!! - só mesmo o Super 15 com aquela capa voadora. A arrecadação mensal da empresa em 2005, apenas com a taxa de assinatura (taxa esta considerada ilegal pelos órgãos de defesa do consumidor) foi de 450 milhões de reais.

Sabendo que a privatização da telefonia fixa no Brasil foi mais uma daquelas famigeradas obras de Fernando Henrique Boca de Pudim, Aloísio Biondi no livro “O Brasil Privatizado”, editado pela Editora Fundação Perseu Abramo, faz um severo raio-x desse cruel processo de desmantelamento do patrimônio público. Pois bem caros espanhóis, sabe-se que vocês pagaram pela Telesp 4,9 bilhões de dólares em 1998 e anualmente seus lucros ultrapassam, e muito, o investimento gasto: só em 2004 vocês lucraram no Brasil 10 bilhões de dólares. Além disso, às vésperas dessa famosa “venda”, pensando nos lucros de vocês, o Governo FHC reajustou em 500% as tarifas telefônicas, demitiu centenas de funcionários da empresa para diminuir os gastos da folha de pagamento assumindo o pagamento dos direitos trabalhistas dos demitidos, além dos aposentados, investiu 21 bilhões de reais em infra-estrutura no setor – ampliação de redes, cabos, etc - e, inacreditavelmente a Telesp tinha não menos do que 1 bilhão em caixa ao ser entregue a vocês, ou seja, sem realizar esforço algum, vocês já começaram o investimento com o pé direito. Poderia se dizer que o Boca de Pudim é antes de tudo um homem cordial?

Mas deixemos esse verdadeiro negócio da China de lado e o Pudim, no forno. Independentemente de todas estas desmoralizações pretéritas do ano de 1998, aliás, a TELEFÔNICA BRASIL IL IL - aaatchiiimmm!!! – já está completando onze anos, gostaria de protestar contra as posturas atuais da empresa, os abusos e maus tratos contra os brasileiros, a incompetência dos serviços prestados e os estelionatos diariamente cometidos. Gostaria de saber se nos 37 países dos quatro continentes em que a TELEFÔNICA – aaaattch.... ufa, passou - possui filiais (Europa, Oceania, África e América) as suas políticas, ofertas e ações são iguais, padronizadas, ou se nós, latino-americanos por vocês colonizados, possibilitamos esse tratamento especial (Ainda mais com o apoio da TUCANALHA BRASILEIRA chancelando tais comportamentos, estabelecendo e assinando verdadeiros tratados de dominação).

Caros mercantilistas espanhóis, o fato é que cinco séculos se passaram e vocês continuam a nos sugar. A América Latina ainda agoniza e a empresa de vocês é o exemplo de que as suas riquezas permanecem sendo constituídas de nossas misérias. Acabo por aqui com os dedos formigando de vontade de citar o papel da revista VEJA, sua fiel comparsa e amiga íntima do Boca de Pudim, nessa história toda, mas isso fica pra próxima. Hasta, vou “passar um fax” pelo Super 15! (ou pela banda larga do Speed, já que é larga mesmo)!

(PS. texto originalmente publicado neste blog no dia 5 de dezembro de 2007)

terça-feira, 14 de abril de 2009

E de amor? Se vive?

ou Da experiência do amor na terceira idade

Em São Paulo o meu vizinho de casa sofre de amor aos setenta e cinco anos de idade. Aposentado dos correios, tem um filho no exterior e a neta militar. Uma vida sistemada, a idade em que se pensa que tudo já foi visto, revisto e carimbado. Até que a sua rotina foi violentamente interrompida com a fuga da esposa. Quarenta e cinco anos de matrimônio agora são mil espadas de gelo que lhe perfuram o peito. Em poucos meses a mulher perdeu tudo no bingo: dinheiro, jóias e o carro com o qual andavam à missa aos domingos na igreja do Brás.
A velhinha se apaixonou por um homem viciado no jogo como ela. Fujiram juntos para tentar outras vitórias. O velhinho restou.
Pontualmente, na hora do jantar, a sua solidão é forasteira. Pela janela do meu quarto entra galopante o som do lamento das canções de amor que o senhor escuta ao máximo volume. Sou convidada a participar do seu luto. Chitãozinho e Xororó. Zezé de Camargo e Luciano. A música popular adolorada atravessa as janelas das casas do quarteirão enquanto o homem se apaga com doses de cachaça mineira.
Aos setenta e cinco anos de idade o coração ainda é território estrangeiro.

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Na cidade de Trapani, na Sicilia, uma senhora de oitenta anos lava os pratos do jantar. É pequenina, sorridente, corcunda e os cabelos brancos muito bem penteados. O negro do vestido é a tradição católica siciliana que encontra os pontos de brilho nos longos colares de ouro com a imagem de Jesus que se estendem sobre os seios.
No forno de pedra da sua casa o filho realiza as obras de arte da culinária siciliana com tomates, aliche, azeitonas, calabresa, alho, berinjela, abobrinha - pizzas rústicas para um amplo grupo de amigos e parentes. A pizzada siciliana tradicionalmente calorosa, acolhedora, abundante... as portas abertas recebem o perfume do mar.
Observando a pequena senhora curvada sobre a pia da cozinha me ofereço para ajudá-la. Com um sorriso, gentilmente rejeita a minha compaixão. São mais de sessenta anos de matrimônio, muita disposição e bom-humor. Senhorita, sabe por quê vocè me vê assim alegre e cheia de energia? Porque estou apaixonada. Aquele ali é o meu marido, vê? Doze anos de namoro e cinquenta de casamento.
O senhor se aproxima, curioso. Quiçá que coisa a mulher está contando à moça estrangeira? A timidez lhe colore o rosto quando a velhinha se agarra forte à sua mão mostrando-me as três alianças: casamento, bodas de prata e bodas de ouro.
Daqui à pouco quando vamos para a cama nos beijamos e cada um fecha os olhos e faz o seu sonho. Quando acordamos, nos beijamos e cada um recomeça um outro dia. Sabe por quê sou assim contente? Porque sou uma mulher apaixonada.
E diante da declaração de amor da esposa, o senhor se avermelha...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Eisenstein Mexicano





De dezembro de 1930 a fevereiro de 1932 o cineasta soviético Sergei Eisenstein (“A greve”, “O Encouraçado Potemkin”, “Outubro”...) viveu no México, absorvendo realidades e recolhendo material para realizar o filme “Que Viva México”. Antes mesmo de se afirmar como cineasta, em 1924, o talento de Eisenstein se manifestou primeiro na pintura, influenciado desde a infância pela obra de Honoré Daumier e Jacques Callot. A produção de desenhos caricaturais provenientes da veia cômica e grotesca de Eisenstein é interrompida justamente quando o pintor (e então ator) dá início à sua atividade cinematográfica. Uma pausa que, no entanto, é sepultada a partir da sua experiência mexicana: “...depois da renúncia de desenhar e o novo retorno ao desenho – paraíso perdido e novamente reencontrado da gráfica – me ocorreu no México... comecei de novo a desenhar”.

O amor e o fascínio pela cultura e paisagens mexicanas esculpiram para sempre o imaginário do cineasta soviético, uma obsessão quase ancestral que chancelou seus posteriores excêntricos comportamentos como, por exemplo, aquele de desenhar figuras mexicanas no storyboard e anotações para “Ivan, o Terrível”, já dez anos depois do seu retorno a Mosca. Ou mesmo, poucas horas antes de morrer, desenhar a lápis em uma folha de papel a tradicional caveira do ritual mexicano para o dia dos mortos. Eisenstein conservou pendurado na parede do seu quarto russo um tapete decorado com motivos da cultura asteca. Com este post pretendo homenagear o México e este grande cineasta, a relação de amor de um artista com uma cultura transcontinental aparentemente distante de si. O mestre da montagem no cinema em um país densamente marcado pela montagem, onde o percorrer o território é contemporaneamente um transferir-se no tempo, nos séculos de história...

Este reencontrar-se mítico que é não é efetivamente ocasional; a síntese de um poema da Vida, da Morte e da Imortalidade (uma referência à tríade que compõe a temática dos filmes de Eisenstein e a principal razão da sua expedição ao México). E apesar de tudo, Eisenstein não conseguiu concluir o seu filme... por diversas razões, a troupe retornou à Mosca e o material restou nos Estados Unidos sendo apropriado para realizações de outros filmes, alguns desses etnológicos e didáticos ... somente em 1979 que Grigori Aleksandrov, que havia participado do projeto original, a partir dos storyboards originais reconstruiu a montagem para “Que Viva México”.





No meu encontro com o México

ele se revelou em toda

a variedade das suas contradições...

Simplicidade da monumentalidade e

incontrabilidade no barroco: nos dois

aspectos seus, espanhol e asteca...

Há dezenas de milhares

se entrevêem as cúpulas... e as cruzes...

Mas não é mérito particular dos católicos.

Os lugares não foram eles a escolher. São

aqueles das antigas pirâmides, um tempo coroado

por templos astecas e toltecas...

Destruídos os templos, aqueles ergueram as suas

igrejas exatamente nos mesmos lugares,

em cima das pirâmides,

com a desculpa de não desorientar


os itinerários das peregrinações, confluentes

há milênios de todos os ângulos do país

aos pés justamente dessas pirâmides...

Afiados espinhos...penetram os corpos

daqueles que amarram nas costas com cordas

troncos verticais dos cactus atrelados em cruz,

e por horas

arrastam-se em direção ao cume das pirâmides

a glorificar as nossas senhoras católicas

de Guadalupe, Los Remedios,

Santa Maria Tonantzintla...

Quem sabe se por honor a Nossa Senhora

ou não justamente a uma deusa mais antiga,

a mãe dos deuses, que só

aparentemente cedeu o seu lugar...

à Mãe de Deus do cristianismo,

mas inequivocamente restou

dentro das sucessivas gerações

dos descendentes dos fundadores do seu culto.

Sergei Eisenstein







Sobre as áridas rochas

ao redor de Tasco estão estrelas escarlates de flores.

Chamam-nos “sangre de toros”. Possuem

a mesma linha, ardente em marca de cor,

da fonte de sangue na qual arde

a linha brilhante traçada pela espada

do matador que penetra no corpo negro do touro...

Aqui se paga com vida.

O chifre atravessa o homem.

O aço, brilhando, penetra na besta.

Não tem outra saída...

O preço é a morte.

Pagamento o sangue.

Ainda se pelo preço do sangue, aqui o homem

mistura-se com a besta.

Ainda se pelo preço da vida, aqui atraversa

a barreira que os divide

em série irredutíveis.

Caso contrário, qual teria sido a força

de atração deste espetáculo que em um único grito

une multidões de milhares de pessoas

entre os muros agitados dos circos

nos dias de sol das “corridas”?...

Del resto, esta agora é martírio

do matador, agora do touro.

Existe até mesmo o desenho... de um touro

crucificado, perfurado de flechas,

como um São Sebastião.

Não é culpa minha.

É o México que no mesmo elemento

da festividade dominical mistura

o sangue de Cristo da missa matutina

na catedral às torrentes de sangue taurino

da corrida diuturna

na arena da cidade...

Sergei Eisenstein







PS – Os desenhos e textos de Eisenstein postados foram retirados de um livro raro (o comprei em um sebo no centro) “I Disegni Messicani di Ejzenstein”, Beniamino Carucci Editore.