sábado, 29 de abril de 2017

Navalha na carne

Ela descobriu a salvação na navalha. Quando a vida começou a pesar demais, os cortes em seu corpo se multiplicavam e a anestesiavam da dor maior: a da existência. Um corte na coxa, outro no seio, depois a panturrilha, o antebraço. Cada vez mais longos. Mais profundos. Aos poucos seu corpo virou um mapa a ser percorrido pelo olhar inquieto de quem não está em sua pele. Pele que ela tenta habitar.

Imagem: Sitzende mit gelben Tuch, Egon Schiele, 1910

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Re Exista Iris

Amigos. Ela não teve. Sonha. Amores. Também não. Sua vida. Tão inócua. Tão. Quanto o nome que carrega. Do batismo. O nome do batismo. Não tem lá. Muitas cores. Iris sem arco. Sem brilho. Sem mensagem. O caleidoscópio brota. Da sua imaginação. Como oceano. Transborda cores em sua Psique. Eros. Não. Ele não consegue emergir. Mas insiste. Em. Cobrir de azul. O cinza da. Existência. Re. Exista Iris. Insista. Implore. Aflore. Há vida.

*Imagem: The Weeping Woman, Pablo Picasso, 1937.

sábado, 25 de março de 2017

Ancor Cuore

Ela morreu por excesso de pus no coração.
Feridas que não cicatrizam.
Nasceram para ser doença.