terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Romantismo ingênuo

A gentileza dos homens italianos é culturalmente enraizada, se revela em todas as faixas etárias e nas situações mais prosaicas possíveis: no refeitório da faculdade pode esperar que um seu amigo freqüentemente se oferece para levar a sua bandeja, ao caminhar pelos corredores você sempre terá preferência para passar por qualquer porta pois este seu mesmo amigo, caminhando ao seu lado, quando não te abre a porta , certamente pára até que você passe primeiro. Ou então, se você está na fila da cantina para pegar um café, na primeira distração o balconista acaba te entregando dois cafés porque o primeiro o seu amigo já pagou para você.

E então li um aviso aos passageiros dentro do trem: “Deixe os assentos livres para que se sentem os inválidos, as pessoas idosas e as mulheres”.

Machismo mascarado, desavergonhado! Um processo histórico católico e conservador. A sociedade de apenas um sobrenome: o paterno. O valor sagrado de família e do casamento heterossexual monogâmico. Grande semelhança com os valores sociais brasileiros. Costumo dizer que nossa sociedade brasileira antes de ser cordial, é machista. Aliás, segundo uma pesquisa norte-americana sobre relações de gênero nos países (li sobre esta pesquisa no livro “O Novo Cinema Iraniano”, de Alessandra Meleiro), dentro de uma escala 0 a 100% de desigualdade sexual, o Brasil se situa em 55%. Que vergonha! Mas, voltando ao anúncio no trem: este serviu para estimular em mim a reflexão sobre as muitas facetas do pseudo-gesto elegante que uma sociedade machista oferece às mulheres. E mais dissimulado do que ele próprio, está a emoção ingênua que nós mulheres manifestamos diante de um gesto elegante de machismo. Estou falando de raízes culturais intrínsecas em povos conservadores. Complicada esta questão, ainda que as relaçòes de gênero estejam se modificando, lentamente.

E foi assim que descobri a ontologia da palavra cavalheirismo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não, eu não vou com a cara dela! Mas tenho que citá-la: Outro dia a Hillary Cliton estava num programa de entrevistas desses que o Jô Soares imita e o "entrevistador" de plantão tascou a seguinte pergunta: "Se ganhar quem realmente vai mandar, a senhora ou seu marido?
Por que será que nunca perguntaram isso pro Billzinho?
Grande beijo,
Drika.