terça-feira, 10 de junho de 2008

Gay Pride 2008.d.C


A 14ª edição do Gay Pride romano aconteceu no último sábado e reuniu 500 mil pessoas. Durante toda a semana alguns focos de tensão pontuaram a relação das entidades de representação GLBTS com o novo governo de direita de Gianni Alemanno , candidato pela Coligação de Berlusconi e eleito prefeito de Roma em abril. Dentre algumas questões denunciadas por membros da organização do Gay Pride como medidas políticas retrógradas e moralistas desse novo governo estavam : a solicitação para que os manifestantes se comportassem bem na passeata, vestindo-se adequadamente, ou seja, nada de nudez e exageros cromáticos e a modificação do tradicional percurso do evento. A mudança de trajeto foi justificada pelo fato de que a Basílica Laterana, situada na Piazza San Giovanni, habitual ponto final da manifestação, realizaria uma apresentação do seu coral às 20.30h e, deste modo não cairia bem misturar os guetos.

Enfim, e apesar de tudo, o Gay Pride aconteceu. Manifestantes recordavam no alto falante dos carros de som que o Vaticano é um Estado autônomo dentro do território itálico, e que, portanto, a Itália deveria se libertar da escravidão católica. Caminhar aos gritos de liberdade e igualdade pela Via dei Fori Imperiali, atravessando as ruínas do antigo Império Romano, o Coliseu, templos, arcos, e tantos outros monumentos históricos é uma experiência peculiar, caótica, mística. Marchar ao som da música eletrônica e da aclamação política intercaladas com os sinos de tantas igrejas que badalam pontualmente às 17h e 18h é sem dúvida uma vivência insólita. Centenas de turistas nas calçadas, parados, obcecados em tirar fotos. Manifestantes e monumentos históricos eram uma coisa só aos olhos dos turistas consumidores de imagens. Europeus e chineses com suas câmeras fotográficas e filmadoras se misturavam com jornalistas e repórteres que transmitiam o evento ao vivo pela televisão. A passeata teve seu fim na Piazza Navona, onde inclusive está o palácio de estilo neo-clássico da Embaixada Brasileira. No palco montado, o evento foi encerrado por representantes de diversas organizações GLBTS que hastearam suas bandeiras de lutas e energicamente proclamaram discursos em defesa da paridade e dignidade sexuais e pela laicidade do Estado.

Jogado no chão, entre os paralelepípedos da praça, encontrei um flyer de uma organização chamada gaytoday. Transcrevo-o logo abaixo, exatamente como é, com as suas sete cores:

Todos os gays são sensíveis
Todas as lésbicas são caminhoneiras
Todos os gays são ricos
Todos os filhos de gays serão gays
Todas as trans são prostitutas
Todas as lésbicas têm as unhas curtas
Todos os gays são de esquerda
Todas as lésbicas jogam futebol
Os bissexuais não existem
Todos os homofóbicos são heteros
Todo Gay Pride é carnaval
Os gays [NÃO] são todos iguais!
E você, que gay é?

Nenhum comentário: